[FVM #07] Ser plagiado foi a melhor coisa que me aconteceu 🏴☠️
A edição de hoje tem: fofoca suculenta, princípio de treta e indiretinha – tem também uma ou outra lição. Divirtam-se.
🎧 Para ler ouvindo1: Disorder, por Joy Division.
1.
Dia desses fiz um post no LinkedIn explicando porque não uso e sou contra templates de conteúdo nas redes sociais; caso você não seja o criador do template em questão, evidentemente,
O pessoal no LinkedIn é rei em fazer isso.
Tudo começou há um tempo quando um gringo descobriu que se você escrever assim.
Uma frase por vez.
Espaçado.
Lá no LinkedIn.
Os posts têm mais alcance.
Pois bem.
A nova onda agora são conteúdos com dois conjuntos de bullet points; um separado por essa setinha ↳; o outro por essa →.
A ideia de escrever tal post surgiu depois de eu ver algumas cópias baratas que, na minha cabeça, eram claramente inspiradas em dois caras que tenho curtido acompanhar o trabalho no LinkedIn; por “inspiradas” tenho duas hipóteses: 1) pessoas que usaram prompts do ChatGPT para emular os formatos desses caras ou 2) pessoas que contrataram um ghost writer que recebeu um briefing para “fazer algo parecido com esses caras”.
O problema é que, quando você não dá nome aos bois, acaba abrindo margens para interpretação; os dois caras acharam que, na verdade, eu estava zoando eles (que eles, no caso, seriam os copiadores); um me deletou da sua rede no LinkedIn; o outro deu uma indireta no Threads sobre pessoas que dão indiretas (!).
2.
Existe uma grande diferença entre inspiração e plágio; e eu trabalho há tempo suficiente no mercado digital para saber que muito do que chega como tendência no Brasil não passa de uma cópia (às vezes literal; apenas uma tradução) do que está acontecendo nos Estados Unidos; eu ouvi Fórmula de Lançamento?
Mas isso aqui me pegou:
Sabe o cara que me deletou depois do post? Pois é. Ele me deletou porque muito provavelmente achou que eu havia descoberto o seu segredo.
Entrei no perfil do tal Nick (o original) e fiquei chocado que não apenas o formato do cara que me deletou – que há tempos eu vinha usando como modelo de algo autêntico para os meus mentorados; “esse cara tem feito um trabalho muito legal no LinkedIn”, eu dizia pra eles –, mas também muito do conteúdo em questão não passava de plágio.
Pois bem, a grande diferença entre inspiração e plágio está na intenção e na execução; inspiração é quando você observa o trabalho de uma ou mais pessoas e transforma aquilo em algo novo, algo que carregue a sua própria visão, algo com o seu repertório (de referências e habilidades); é roubar como um artista; já o plágio não passa de uma cópia barata, algo sem personalidade feito (copiado) por alguém também sem personalidade.
Touché.
3.
A grande ironia nisso tudo é que só construí uma carreira na escrita porque fui plagiado; muito plagiado.
Em 2015, eu trabalhava como assistente de marketing em uma faculdade quando tive a ideia de produzir conteúdos no LinkedIn com o objetivo de “ser visto”; ainda que não soubesse direito o que isso significava na prática.
Eu tinha 26 anos e um currículo sem grandes realizações, de modo que meus conteúdos variavam entre ensinamentos que eu aprendia nos livros de negócios e autoajuda e experiências dentro da minha área de atuação.
Os tempos eram outros, os vídeos ainda não tinham dominado as redes sociais e os artigos iam muito bem no LinkedIn – a concorrência também era menor. Dentro desse contexto, consegui emplacar alguns conteúdos que tiveram mais de 1 milhão de visualizações; ganhei seguidores, propostas para freelas na área de marketing de conteúdo, um ou outro hater e muitos, muitos plagiadores.
4.
O lance com os plagiadores foi o seguinte: meu conteúdo, esses textos com 10 dicas para você fazer tal coisa, eram muito genéricos, ou seja, por mais que tenham um valor utilitário e que de fato ajudem as pessoas em determinada questão, não tinham alma, poderiam ter sido escritos por qualquer pessoa; não tinham uma voz; o tipo de texto escrito por quem vai perder o trampo pro ChatGPT.
Como os conteúdos poderiam ser escritos por qualquer um, uma vez que não havia nenhum elemento único e pessoal, muita gente mal intencionada começou a copiar e colar os textos em seus blogs e perfis de redes sociais como se fossem seus; a maioria tirava do ar assim que recebia um e-mail meu com uma ameaça de processo, mas alguns simplesmente se fingiam de tontos; “nossa, não sabia que deveria colocar os créditos, achei que estava apenas compartilhando”.
5.
Meu estilo de escrita, esse que vocês conhecem hoje principalmente de Passageiro, minha outra newsletter com uma pegada mais literária, e que em breve reconhecerão no livro de mesmo título, surgiu da necessidade de ser único para evitar as cópias. Mesmo em textos mais técnicos, incorporei elementos da minha vida pessoal (viagens, experiências, Imbituba e até o Flamengo) para construir as minhas narrativas; desde então não tive mais problemas com plagiadores e, de quebra, criei algo único que tem me rendido frutos até hoje.
Nômade Digital, meu primeiro livro, só foi publicado graças aos plagiadores que, de certa forma, me incentivaram a escrever de um jeito diferente, um jeito só meu, um jeito que chamou a atenção de uma grande editora.
“…como você já tem a habilidade de escrever”, escreveu Marcelo Amaral, do Grupo Editorial Autêntica, em 12 de abril de 2018.
Eu duvido muito que o Marcelo me enviaria essa mensagem se eu não tivesse mudado a abordagem dos meus textos, se eu tivesse continuado naquele lenga-lenga genérico.
Felizmente pensei no assunto e, bom, o resto é história.
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🧠 Para ler, assistir e ouvir
O próximo convidado do Clube Passageiro é ninguém mais ninguém menos que o escritor ; falaremos sobre processo criativo.
Já indiquei na outra newsletter, mas acho que vale mencionar mais uma vez: Arte e medo, de David Bayles e Ted Orland, é um clássico underground sobre arte e criatividade. Para ler em uma sentada durante o final de semana.
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Father John Misty, o músico com o melhor nome artístico do mercado, está de volta com o álbum Mahashmashana.
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Bateu uma curiosidade aqui: quem são as maiores referências em escrita de vocês? Aquelas pessoas com uma pegada única.
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Adorei essa história do plágio e a fofoca suculenta.
bem mais fácil copiar dos outros do que ser original, né? mas tenho a impressão de que quem faz assim pode até reunir um grande número de seguidores, curtidas e afins, mas não é de fato lembrado. o que faz um autor ou texto ser lembrado é seu estilo único, uma personalidade inconfundível, o toque de originalidade, coisas que quem copia não consegue ter. é muito mais trabalhoso investir tempo em escrever algo mais pessoal, mas o texto fica muito melhor, impacta muito mais. já sabemos um milhão de coisas sobre paris, mas o jeito como você vê paris, as experiências por que passou até chegar ali, tornam seu texto diferente de tudo o que já lemos antes, do que já conhecemos. não tem plagiador ou chat gpt que consiga emular. e, ao fim das contas, é essa unicidade que conquista os leitores.