[FVM #01] Construindo um negócio de uma pessoa só 🏴☠️
Na gringa a moda agora é falar de 'One Person Business'; mas no LinkedIn ainda nos zoam de 'CEO de MEI'.
Essa é a primeira edição de Faça você mesmo, um espaço dedicado a criadores que vivem ou querem viver de sua arte e empreendem ou querem empreender com liberdade.
A missão aqui é clara: inspirar, guiar e apoiar você que, assim como eu, acredita no poder da independência criativa.
A cada edição, vamos explorar o empreendedorismo criativo usando como modelo a ética punk do "faça você mesmo" para te ajudar a transformar sua paixão em um negócio autossustentável.
🎧 Para ler ouvindo1: Waiting Room, por Fugazi.
1.
Desde 16 de agosto de 2017, data de abertura do CNPJ, sou CEO da Matheus de Souza LTDA – antes disso podemos dizer que a empresa atuava de acordo com os seus próprios termos no que tange ao pagamento de impostos. Um ano após a fundação oficial da firma, deixaríamos o status de MEI2 e seríamos enquadrados como ME3, ou seja, nosso faturamento em 2018 extrapolou o permitido para um MEI, de modo que a parada ficou séria e, além de pagar mais impostos, tivemos que contratar um escritório de contabilidade.
Escrevo no plural apenas para efeito literário, mas a verdade é que, exceto por um ou outro período desde a sua criação, a Matheus de Souza LTDA tem operado como um negócio de uma pessoa só a maior parte do tempo; ou “One Person Business”, como a turma tem chamado na gringa; no LinkedIn, no entanto, nos zoam de “CEO de MEI”.
2.
Imagine poder decidir quando, onde e como você trabalha. Não, isso aqui não é uma propaganda do meu livro Nômade Digital. A reflexão que proponho vai além de ter horários flexíveis; estou falando de criar no seu próprio ritmo, de ter liberdade criativa em cada ponta do seu negócio de uma pessoa só.
É isso que fazemos na Matheus de Souza LTDA.
3.
Essa liberdade criativa costuma surgir, inicialmente, de uma falta de recursos financeiros. Vou utilizar o meu site/blog como exemplo. Não sou programador, não sou designer, mas sou curioso e criei o matheusdesouza.com em 2013, no WordPress, de forma tosca e amadora, atualizando-o ao longo dos anos até a versão atual – e agora já faço isso há tanto tempo que ele não só está com um visual agradável, do jeito que quero, como volta e meia recebo e-mails de leitores pedindo o contato de quem fez o site.
Na época, nesse já longínquo 2013, tudo o que eu queria era um espaço próprio na internet para escrever meus textos sem depender de terceiros. Como não tinha grana para contratar alguém que fizesse o trabalho sujo por mim, fiz eu mesmo. De um jeito tosco, mas fiz. Hoje, o matheusdesouza.com é uma espécie de hub de conteúdo; tudo o que ofereço em termos de serviços e infoprodutos está centralizado lá.
O matheusdesouza.com é a sede da Matheus de Souza LTDA. E o melhor: desde o conceito até a execução, o controle é meu; além da liberdade criativa, economizo tempo e dinheiro – não preciso participar de reuniões com programadores ou designers, não preciso gerenciar uma equipe, não preciso que outras pessoas coloquem as minhas próprias ideias em prática; faço as coisas do meu jeito.
4.
“Se você não tem o que precisa, crie com o que tem”. Essa é a base da filosofia do it yourself4 surgida no movimento punk. Além da falta de recursos, existe também uma outra falta, a de habilidades, que pode ser vista como uma coisa boa dentro de um contexto de simplificar o máximo até tornar-se autossuficiente.
Os Ramones são um dos exemplos mais emblemáticos desse espírito dentro da cena punk. Quando começaram, os integrantes da banda não tinham habilidades musicais avançadas. Eles até tentaram tocar músicas mais elaboradas dos Beatles e de outros artistas, mas logo perceberam que não conseguiam reproduzir aquelas canções complexas. Em vez de desistirem, tomaram uma decisão que mudaria a história do punk: simplificar ao máximo. Foi assim que surgiram as famosas músicas de três acordes; rápidas, diretas e cruas, que não apenas definiram o estilo único dos Ramones, mas influenciariam gerações.
Trazendo o papo para a parte criativa da coisa, essa limitação por falta de habilidades também pode ser pensada de forma estratégica.
Haruki Murakami, um dos mais célebres autores contemporâneos do Japão, costuma escrever seus primeiros rascunhos em inglês e, em seguida, os traduz para o japonês. Essa prática, incomum para um escritor cuja língua nativa é o japonês, tem alguns objetivos específicos. Murakami acredita que escrever em inglês o força a simplificar sua linguagem e enxugar seu estilo, tornando-o mais direto e menos prolixo. O inglês, por ser uma língua que ele não domina com a mesma fluência do japonês, naturalmente limita suas escolhas de palavras, forçando-o a optar por estruturas mais simples e frases mais curtas. Ele prefere essa "limitação" como uma forma de focar nas ideias centrais e evitar adornos desnecessários no texto.
Na dúvida, simplifique.
5.
Você pode ler todos os livros sobre negócios, as biografias (escritas por ghost writers) dos empreendedores de sucesso, os best-sellers de autoajuda, mas não há nada como a prática, não há nada como a estrada. Aprender com os erros. Comemorar os acertos. Criar casca e confiança para tirar uma ideia do papel porque você já fez isso antes e sabe que é capaz de fazer de novo.
Os sete anos como CEO da Matheus de Souza LTDA me ensinaram, entre outras coisas, que eu não preciso esperar por ninguém; não preciso de um contrato com uma grande editora para escrever um livro, não preciso de um jornal para assinar meus próprios textos, não preciso da grande mídia ou de patrocinadores para colocar meus projetos na rua; tudo o que preciso é de coragem para agir e de muitas horas de trabalho duro com as ferramentas que tenho ao meu alcance. Isso basta.
6.
Autonomia tornou-se algo inegociável para mim – e isso vai além de uma filosofia de trabalho; tornou-se uma maneira de viver, de ir atrás dos meus objetivos seguindo fiel ao que eu acredito.
No mundo dos negócios, especialmente no mundo criativo, existe uma pressão sutil (e às vezes nem tão sutil assim) para que você se molde ao que o mercado quer, para que você siga tendências, se encaixe em formatos prontos e deixe de lado quem você é para agradar determinado público.
E confesso que, por vezes, é tentador surfar uma onda, é tentador ajustar o nosso trabalho ao que parece estar “dando certo” no momento. Essa tentação, muitas vezes, vem do medo: o medo de não ser aceito, o medo de não ser relevante ou, principalmente, o medo de não conseguir pagar as contas no fim do mês.
Eu conheci de perto cada um desses medos nos últimos sete anos como CEO da Matheus de Souza LTDA, por vezes sucumbi, mas a verdade é que cada vez que fui vencido por algum deles, não apenas abri mão da minha personalidade e da autenticidade do meu trabalho, como perdi a conexão com a minha essência, com o espírito daquele Matheus de 2013 que criou um blog tosco no WordPress simplesmente porque ele queria.
7.
A busca por validação externa silencia a nossa voz e nos distancia daquilo que nos fez criar em primeiro lugar.
Quando você se mantém fiel a quem você é, mesmo que o caminho pareça mais lento, o impacto que você gera é real. As pessoas se conectam com aquilo que é genuíno, com o que carrega alma. E, embora você possa não agradar todo mundo (e não vai!), os que se conectarem com você o farão de uma forma profunda; “você não precisa de 1 milhão de seguidores; precisa de 1 mil fãs fiéis”.
Na economia criativa, não há nada mais valioso do que criar uma comunidade de pessoas que realmente se identificam com o que você faz. São essas pessoas que vão se tornar seus maiores fãs, seus clientes fiéis e os maiores propagadores do seu trabalho.
Cada criador tem seu próprio tempo de maturação, sua própria jornada. Alguns encontram seu estilo de forma imediata, outros precisam experimentar mais até entender o que realmente ressoa. E tudo bem. A jornada para descobrir, definir e afirmar sua personalidade criativa é um processo; e cada etapa desse processo é válida.
O sucesso autêntico – aquele que vem da sua verdade – demora mais para ser construído. Mas, quando chega (e eventualmente ele chega!), é um sucesso sólido, sustentável e alinhado com quem você é. Não há contradições, não há remorsos, não há “o que eu deveria ter feito diferente”. Há apenas a satisfação de saber que você construiu algo genuíno e verdadeiro.
Ser fiel à sua personalidade não significa ignorar as demandas do mercado ou o feedback do seu público; significa filtrar essas informações através de uma espécie de filtro criativo.
Neste mundo saturado de informações onde parece que todo mundo agora é produtor de conteúdo, a sua personalidade é o que vai te diferenciar de tudo e de todos. Não abra mão dela por tendências passageiras, pela vontade de agradar ou por promessas de sucesso rápido. Seu verdadeiro poder criativo vem de quem você é. Quanto mais autêntico você for, mais impacto você terá. Não caia na armadilha das modas passageiras. Seja o criador; não o copiador.
Crie o que só você pode criar. Isso é ser autêntico.
🚨 Alerta de vagas: Mentoria Monetize
Abri mais duas vagas para a Mentoria Monetize – uma mentoria para você monetizar o seu conhecimento e ganhar dinheiro na internet.
Mentoria Monetize é para quem tem um projeto (ou uma ideia de projeto) e busca monetizar o seu conhecimento/conteúdo.
Se você é familiarizado com o meu trabalho, já deve ter percebido que não tolero bullshitagem, de modo que durante a Mentoria buscaremos, juntos, formas realistas para você ganhar dinheiro na internet sem precisar romper com os seus valores pessoais.
Durante 6 meses você terá acesso ao meu cérebro; e às estratégias que utilizo e/ou já utilizei para vender o meu conhecimento/conteúdo na internet.
Mais que isso: durante 6 meses você verá que existe espaço para todo mundo, que seu nicho não está saturado, que você não precisa ser influenciador para ganhar dinheiro na internet, que você não precisa fazer o que todo mundo está fazendo e, principalmente, que existe vida online além do Tik Tok e do Instagram.
E, se você me permite um clichê, durante 6 meses vou te ajudar a pensar fora da caixa.
🧠 Para ler, assistir e ouvir
Ótimo texto do sobre como ele cria conteúdo em paralelo ao seu emprego.
Trabalho dos sonhos? Vale ler a experiência da produzindo conteúdo de viagem na internet.
Ansiedade, trabalho, ciência e storytelling tem mais a ver do que você imagina; é o que conta o .
Como ganhar (e não perder) tempo e dinheiro; série nova do no Substack.
Leia em a inspiradora história de Vivian Maier.
Um guia completo das tendências para criação de conteúdo em plataformas digitais; por .
Dois YouTubers famosos com milhões de seguidores deram um passo atrás e estão novamente trabalhando por conta própria. Assista a história do Matt D’Avella aqui e a do Nathaniel Drew aqui. Os vídeos estão em inglês.
Abstract foi uma das primeiras séries originais da Netflix e talvez tenha passado batido por aí. É sobre design, mas vale assistir mesmo que você não seja da área.
Um álbum para essa sexta-feira: Cutouts, o novo do The Smile.
🗣 Call to action aleatória para gerar engajamento
Você tem algum projeto autoral?
Qual a sua maior dificuldade em termos de negócios?
Conta aí!– ou responde por e-mail (eu@matheusdesouza.com).
Acesse a playlist com as músicas indicadas aqui e na newsletter Passageiro. Ela é atualizada semanalmente.
Microempreendedor Individual.
Microempresa.
Inglês para “faça você mesmo”. Foram semanas de indecisão, mas apesar de ter comprado o domínio passageiro.diy para fins estéticos, optei por não utilizar um estrangeirismo no título da newsletter.
Tenho um projeto autoral aqui no Substack, que, a princípio, não via como fonte de renda, nem vejo ainda, pra falar a verdade. Me considero uma criativa, amo escrever, mas minha maior dificuldade é prospectar clientes e me posicionar. Pois sou CLT e não pretendo sair dela agora.
Sim, nós temos um projeto autoral: a nossa agência de marketing digital. Ok, sabemos que não há nada de inovador nisso, pois tudo o que resulta em nosso trabalho resulta no que você sabe bem: cliques, leads e vendas. Mas a nossa “mini revolução” está em como fazemos, mais precisamente em relação às PESSOAS. Nosso ponto central na agência são as pessoas: o trabalho é totalmente remoto desde antes de ser moda porque temos como valor imutável o respeito à autonomia e à liberdade criativa. Com isso, em mente, focamos em perfis de pessoas comumente marginalizadas pelo mercado: principalmente as mães, dentre outras pessoas que não seguem determinados padrões convencionais e conservadores. São pessoas que não costumam ter espaço para simplesmente serem o que são. Ponto.
E aí começam os desafios: lidar com dores psicológicas que afetam a crença em si mesmo faz parte da nossa rotina. É trabalhoso, é penoso. Mas vale a pena, pois entendemos que, já que somos obrigados a criar um negócio para conseguirmos sobreviver neste mundo, então que seja para gerar OPORTUNIDADES. Este é o nosso PROPÓSITO. Portanto, vale muito a pena todo nosso esforço, lágrimas e cansaço mental.
Matheus, aqui com esse seu novo projeto, estamos nos sentindo em casa. Conta com a gente!
Sucesso!🚀